Como lidar com a preguiça pós-férias das crianças
Voltar das férias, retomar a rotina e os afazeres não é tarefa fácil nem para os adultos nem para os pequenos. Algumas crianças não apresentam dificuldade para voltar as aulas, mas outras não podem nem ouvir falar dos afazeres sem ter uma dor de barriga instantânea. Para lidar com situações como esta os pais devem ter bastante paciência e compreensão, afinal, mudar a rotina de uma hora para outra não é tarefa fácil para ninguém.
O primeiro passo é descobrir o que esta resistência quer dizer. “O ‘não quero ir para a escola’ pode ter vários sentidos”, alerta a psicoterapeuta Ana Gabriela Andriani, doutora em Psicologia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Pode ser apenas uma recusa natural e passageira à ideia de voltar a acordar cedo, ter menos tempo para brincadeiras e mais responsabilidades – do mesmo tipo que qualquer adulto sente ao terminar as férias e encarar a volta ao trabalho. Basta conversar com a criança e explicar que esta preguiça é natural, que todos sentem, mas que nem por isso podemos ficar em casa para sempre.
Outras vezes a resistência se apresenta mais constante, tendo aparecido inclusive antes das férias. Nesse caso, o motivo pode estar escondido em uma mudança na rotina escolar: troca de professora, de classe ou de escola ou até mesmo ameaças de bullying. “O diálogo com a escola é fundamental”, define Ana Gabriela. Só assim os pais podem entender se a resistência à volta às aulas é só manha ou se esconde algum problema mais sério.
Não querer voltar para a escola pode ser um alerta para um problema muito comum entre as crianças de hoje: o excesso de atividades extracurriculares impostas pelos pais. A garotinha que faz balé às terças e quintas, natação às quartas e sextas e piano às segundas e sábados certamente vai sentir muita falta de um mês em que teve tanta tempo livre – um verdadeiro artigo de luxo para ela.
Os pais se esquecem de que tempo livre, para uma criança, significa tempo para brincar. E brincar é essencial. “A brincadeira é fundamental para o desenvolvimento social, cognitivo, afetivo, da criatividade. A criança precisa de tempo para ser criança”, ressalta a psicoterapeuta.
Dicas práticas
Para que a transição da rotina seja o mais suave possível, O psicoterapeuta familiar João David Cavallazzi Mendonça sugere que os pais estabeleçam uma mudança gradual. Se a criança está dormindo mais tarde e acordando mais tarde, que tal, alguns dias antes do retorno à escola, já colocá-la mais cedo na cama – e acordá-la mais cedo também? O ideal é aproximá-la ao máximo da rotina que volta em breve, tanto em horários de sono como nos de refeições.
Incluir a criança na preparação da volta às aulas é outra ideia. “Peça ajuda para lavar a mochila, preparar os uniformes, comprar o material de reposição”, indica o psicoterapeuta. Vale também ler um trecho de um livrinho ou apostila que será solicitado no segundo semester – tudo para que seu filho vá se habituando com a presença destes elementos de volta ao seu dia a dia.
FONTE: VIRTUAL.COM